Corporate Venture Capital: A grande tendência para 2024

O Corporate Venture Capital (CVC) é uma modalidade de investimento em que uma grande empresa adquire uma participação minoritária em uma startup com o objetivo de obter retorno financeiro e estratégico.

Essa forma de inovação aberta permite que as corporações se aproximem de novas tecnologias, mercados e modelos de negócio, além de se prepararem para possíveis disrupções futuras. O CVC vem ganhando cada vez mais relevância no cenário global e nacional de venture capital (VC), que é o tipo de investimento voltado para empresas inovadoras e de alto potencial de crescimento. 

Segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), em 2022, o volume de investimento de VC no Brasil foi de R$ 16,9 bilhões, sendo que 30% dos deals envolveram pelo menos um fundo de CVC. Já em 2023, até o terceiro trimestre, o volume foi de R$ 5 bilhões, mas o número de transações com CVC superou o total do ano anterior, 63 contra 53. 

Esses dados mostram que o mercado de CVC no Brasil está em ascensão, acompanhando uma tendência mundial. De acordo com a Global Corporate Venturing (GCV), em 2022, o número de corporações que investiram em startups foi de 1.928, um aumento de 35% em relação a 2021. Além disso, o valor total investido por CVCs foi de US$ 73,1 bilhões, representando 24% do valor global de VC. 

Mas quais são os fatores que impulsionam o crescimento do CVC no Brasil e no mundo? E quais são os benefícios e os desafios dessa prática para as corporações e as startups? E o que esperar do CVC para 2024 e os próximos anos? Essas são algumas das questões que vamos abordar neste artigo! 

  

Os fatores que impulsionam o CVC 

 

O CVC surge como uma resposta das grandes empresas aos desafios impostos pelo cenário atual de alta incerteza, complexidade e velocidade das mudanças. Com o avanço das tecnologias digitais, as barreiras de entrada em diversos setores foram reduzidas, permitindo que startups mais ágeis e inovadoras pudessem competir e até mesmo ameaçar o domínio das corporações tradicionais. 

Nesse contexto, as empresas perceberam que não bastava apenas investir em inovação interna, mas também buscar fontes externas de inovação, como as startups, que possuem maior capacidade de explorar novas oportunidades, testar hipóteses e validar soluções. Assim, o CVC se tornou uma forma de as corporações se conectarem com o ecossistema de empreendedorismo, acessarem novas tecnologias, mercados e talentos, e se anteciparem às tendências e às demandas dos consumidores. 

Além disso, o CVC também oferece vantagens financeiras para as corporações, que podem obter retornos expressivos ao investir em startups que se tornam líderes em seus segmentos ou que são adquiridas por outras empresas. Segundo a GCV, o retorno médio dos CVCs em 2022 foi de 2,6 vezes o capital investido, superando o retorno médio dos fundos de VC independentes, que foi de 2,2 vezes. 

Outro fator que impulsiona o CVC é a disponibilidade de capital e de oportunidades de investimento. Com a redução das taxas de juros e a acomodação da inflação em países como os Estados Unidos e o Brasil, os investidores buscam alternativas mais rentáveis e diversificadas para alocar seus recursos. Ao mesmo tempo, há um aumento do número e da qualidade das startups, que se beneficiam do acesso facilitado a ferramentas, plataformas e redes de apoio para desenvolverem seus negócios. 

  

Os benefícios e os desafios do CVC 

 

O CVC pode trazer benefícios tanto para as corporações quanto para as startups, desde que haja uma boa gestão e alinhamento de interesses entre as partes. Para as corporações, os principais benefícios são: 

  • Acesso a novas tecnologias, mercados e modelos de negócio, que podem complementar ou expandir o portfólio da empresa, gerar novas receitas ou reduzir custos. 
  • Aprendizado com as melhores práticas das startups, como a cultura de inovação, a agilidade, a experimentação, a orientação ao cliente e a resolução de problemas. 
  • Fortalecimento da imagem e da reputação da empresa, que pode se posicionar como uma líder e uma referência em inovação em seu setor e no ecossistema. 
  • Retorno financeiro, que pode ser obtido pela valorização ou pela venda da participação na startup, ou pela geração de sinergias operacionais ou comerciais. 

 

Para as startups, os principais benefícios são: 

  • Acesso a capital, que pode ser usado para financiar o crescimento, a expansão ou a consolidação da startup no mercado. 
  • Acesso a recursos, como infraestrutura, tecnologia, canais de distribuição, rede de clientes, fornecedores e parceiros, que podem acelerar o desenvolvimento e a escala da startup. 
  • Acesso a conhecimento, como expertise, mentoria, feedback, validação, que podem aprimorar o produto, o modelo de negócio e a gestão da startup. 
  • Acesso a credibilidade, que pode aumentar a confiança, a visibilidade e a atratividade da startup perante o mercado, os investidores e os stakeholders. 

 

No entanto, o CVC também envolve desafios e riscos, que devem ser considerados e mitigados pelas corporações e pelas startups. Para as corporações, os principais desafios são: 

  • Definir a estratégia, a estrutura e a governança do CVC, que devem estar alinhados com os objetivos, a cultura e o negócio da empresa, e que devem garantir a autonomia, a transparência e a eficiência do processo de investimento. 
  • Gerenciar o portfólio de startups, que deve ser diversificado, balanceado e monitorado, e que deve gerar valor tanto financeiro quanto estratégico para a empresa. 
  • Integrar as startups, que deve ser feito de forma gradual, seletiva e respeitosa, preservando a identidade, a independência e a agilidade das startups, e evitando conflitos de interesse, de cultura ou de expectativas. 
  • Mensurar os resultados, que devem ser avaliados não apenas pela ótica financeira, mas também pela ótica estratégica, considerando os benefícios intangíveis e de longo prazo que o CVC pode trazer para a empresa. 

 

Para as startups, os principais desafios são: 

  • Escolher o parceiro certo, que deve ter afinidade, complementaridade e sinergia com a startup, e que deve oferecer não apenas capital, mas também recursos, conhecimento e credibilidade. 
  • Negociar os termos do investimento, que devem ser justos, claros e flexíveis, e que devem preservar o controle, a participação e a visão dos fundadores da startup. 
  • Manter a independência, que deve ser garantida pela separação entre o CVC e a operação da empresa, e pela diversificação das fontes de receita, de financiamento e de parceria da startup. 
  • Administrar as relações, que devem ser baseadas na confiança, na comunicação e na colaboração, e que devem equilibrar as demandas, as expectativas e os interesses da corporação e da startup. 

  

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Wellington Moura

Analista de Startups do SdP Capital

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