A Importância do Venture Capital para o Impacto Social e desenvolvimento das 17 Ods’s
O investimento social é uma forma de aplicar recursos financeiros em iniciativas que geram impacto positivo na sociedade, além de retorno econômico para o investidor. Essa modalidade de investimento vem ganhando cada vez mais relevância no cenário global, especialmente diante dos desafios impostos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelecem 17 metas globais para erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e promover a paz e a prosperidade até 2030.
Neste artigo, vamos explorar a relação entre o venture capital de impacto e os ODS, mostrando como esse tipo de investimento pode ser uma ferramenta estratégica para o cumprimento das metas globais e o papel do impacto social de um VC.
Venture Capital x Venture Capital de Impacto
Dentre as diversas formas de investimento social, o venture capital, ou capital de risco, é um tipo de investimento que está associado ao crescimento e desenvolvimento de empresas iniciantes (em fase de pré-operação) ou para aquelas que já atuam, mas ainda não têm grande representatividade no mercado. Essas empresas, chamadas de startups, geralmente apresentam alto potencial de inovação, escalabilidade e rentabilidade, mas também enfrentam incertezas e riscos elevados. O venture capital busca apoiar essas empresas, não apenas com aporte financeiro, mas também com mentoria, rede de contatos e acesso a novos mercados.
O venture capital de impacto, por sua vez, é uma vertente do investimento social que se concentra em startups que têm como propósito gerar impacto social ou ambiental positivo e mensurável, além de retorno financeiro. Esse tipo de investimento busca alinhar o interesse do investidor com o da sociedade, criando valor compartilhado e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
A correlação histórica entre investimento e impacto social
O investimento social não é um fenômeno recente, mas sim uma evolução de práticas filantrópicas e de responsabilidade social que remontam a tempos antigos. Desde as civilizações antigas, como a Grécia, a Roma e a China, até as religiões monoteístas, como o cristianismo, o islamismo e o judaísmo, há registros de doações, caridades e obrigações morais de ajudar os mais necessitados e de promover o bem comum.
No entanto, foi a partir do século XIX, com a Revolução Industrial e o surgimento do capitalismo, que o investimento social ganhou novos contornos e desafios. A industrialização trouxe consigo o aumento da desigualdade social, da exploração do trabalho, da degradação ambiental e dos conflitos sociais. Nesse contexto, surgiram movimentos de reforma social, de defesa dos direitos humanos, de proteção ambiental e de promoção da paz.
Alguns empresários e filantropos, como Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Henry Ford, começaram a investir parte de suas fortunas em causas sociais, criando fundações e institutos que apoiavam projetos educacionais, culturais, científicos e humanitários.
No século XX, o investimento social se diversificou e se ampliou, incorporando novos atores, como organizações não governamentais, agências multilaterais, governos, fundos de pensão, bancos e empresas. Além disso, o investimento social passou a adotar novas abordagens, como o investimento de impacto, que busca combinar o retorno financeiro com o impacto social ou ambiental, e o venture capital, que busca apoiar empresas inovadoras e de alto potencial de crescimento.
O venture capital surgiu nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, como uma forma de financiar empresas de tecnologia que desenvolviam produtos e serviços voltados para a defesa e a segurança nacional. Com o tempo, o venture capital se expandiu para outros setores, como a informática, a biotecnologia, a internet e as telecomunicações, impulsionando o surgimento de empresas como Apple, Microsoft, Google e Facebook.
O venture capital de impacto, por sua vez, surgiu no início do século XXI, como uma resposta aos desafios sociais e ambientais globais, como a pobreza, a fome, a saúde, a educação, a energia, o clima e a igualdade. Esse tipo de investimento busca apoiar empresas que oferecem soluções inovadoras e escaláveis para esses problemas, gerando impacto positivo e mensurável, além de retorno financeiro.
Alguns exemplos de empresas apoiadas pelo venture capital de impacto são a M-Pesa, que oferece serviços financeiros móveis para populações de baixa renda na África, a d.light, que oferece soluções de energia solar para comunidades rurais na Ásia, e a Nubank, que oferece serviços bancários digitais para milhões de brasileiros.
Wellington Moura
Analista de Startups do SdP Capital
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